Melancólica Melodia
Eu gosto é do ensurdecedor.
Cada encontro propõe uma nova direção.
Devo confessar, Sax – embora esse nem seja seu nome -, você sempre esteve escrito em mim.
Sax; quando você quis ter esperanças, já não sabia ter esperanças. Assumi: sentiu demais para continuar a sentir.
Sax; vida empoeirada. Vaga existência. Olhos distantes, vermelhos por causa da bebedeira. Corpo já cansado de uma vida inteira. Dedos entregues à insanidade.
Sax; naquela noite, você soprou o cansaço. Pouco triste e poço só. Coração solitário pulsava com dificuldade no enorme espaço que lhe foi reservado – espaço que não preenchia.
Sons que perguntavam. A quem você interrogava? a mim?
A sorte é para baixo ou para cima? pensou, Sax. Distraído, não sabia. Esvaziou a alma através das notas sufocadas. Pouca sombra fazia no chão. No fundo, você não passava de uma caixinha de música meio desafinada.
Não fez as coisas que queria; compôs harmonia, sim, mas não viveu harmonia. Não como gostaria.
Não há, para você, lugar no mundo. Por isso, escrevo. É minha vingança. E ao mesmo tempo, minha condenação. Temo a exposição, mas você precisa existir nestes versos. que testemunham minhas tormentas. Úlcera incontrolável; o seu ritmo – sem alma – ecoa no meu peito e rasga.
Entre nós, apenas o sussurro. Sussurro de ferrugem – como se estivesse prestes a morrer.
Quis – desesperadamente – fugir do confronto. Passei reto por você. Passei reto e continuei escutando e, na hora, olhei para cima; para não olhar para trás. Foi pior. Acredite, foi pior, vi a lua aprisionada entre fios de energia elétrica; que dó que deu da lua; logo ela, a que possui o brilho mais sincero; a que tem luz própria; logo a lua; que Dó. Coincidência, Sax? perguntei ao vento. Lua aprisionada em uma partitura passageira – como todas as coisas são.
Eu gosto é do ensurdecedor. E, por isso, não esqueço.
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